Colaboradora Saindo do óbvio

Saindo do óbvio - a constante busca de novas possibilidades

quinta-feira, janeiro 13, 2011Chris Ferreira



Post escrito por Lígia Moreiras Sena, do blog Intensa, a mente... 


Estou adorando minhas primeiras férias como mãe, embora sejam férias como nunca havia experimentado antes. Antes de ser mãe, nas férias, eu ficava descansando e praticando o nadismo por horas a fio, e isso me dava a sensação de que estava realmente descansando. Dormia até algumas partes do corpo fazerem bico, não tinha hora pra nada e fazia um monte de nada. Agora, tive que criar uma nova forma de descansar, mesmo que, em plenas férias, eu tenha que fazer um montão de coisas relacionadas à minha filha (ou não). Minha nova forma de descansar é: curtir todos os segundos e todas as pequenas coisas dela, fazer o que gosto com gosto e parar de me cobrar. E isso está me deixando mais descansada do que poderia imaginar. Nesses dias de férias, tenho pensando bastante nas incríveis experiências que a maternidade tem me proporcionado desde a gravidez. E cheguei a uma conclusão extremamente séria.

O que falta às mulheres que se tornam mães é informação fora do óbvio.
Porque, quando se fala em gravidez, filhos e afins, todo mundo acha que já sabe tudo sobre, e a mãe novata, se estiver distraída, simplesmente segue o fluxo e reproduz tudo aquilo que é mais comum, muitas vezes sem se perguntar "será que existem outras possibilidades?".
Façamos um exercício. Pensemos em quais são as primeiras coisas que vêm à cabeça quando falamos sobre algumas coisas relacionadas à função materna ou paterna. Ficaria mais ou menos assim:
parto
 - hopitalar
febre e dor - antitérmico e analgésico
lugar de criança passear - carrinho
lugar de criança dormir - berço
forma da criança beber - mamadeira
xixi e cocô de criança - fralda, e descartável
lugar de criança tomar banho - banheira
excesso de colo - mimo
leite materno escasso - complementação
E mais um monte de outras associações possíveis. 
Mas o que eu gostaria que todas as mães do mundo tivessem oportunidade de saber, como eu felizmente tive, é que não precisa ser assim tão pré-determinado. Mas ó: dá trabalho sair do óbvio e ir atrás de outras possibilidades. A gente tem que sair da nossa zona de conforto, às vezes tem que confrontar nossos próprios pré-conceitos, chegamos a ouvir muita besteira de quem discorda mesmo sem conhecer nada a respeito, temos que ter paciência e dedicar um tempo a estudar isso. É beeeeeeem mais fácil continuar no óbvio, concordo. Mas posso dizer sem medo de errar que as recompensas não são tão abundantes. 
Na verdade, na verdade, fazendo o óbvio ou indo atrás de outras possibilidades, os filhos de qualquer maneira vão crescer (uma vizinha um dia nos disse isso e a gente ficou meio chocado). A pergunta é: como você quer que seu filho cresça? Quando, lá no início da minha gravidez, eu me perguntei isso, me veio à mente aquele pensamento religioso que diz que, quando voltarmos pro local de onde viemos, a Força Maior nos perguntará: "O que fizeste com as almas que vos confiei como filhos para amar e educar?". Sempre me pergunto isso. Eu posso responder: dei uma mamadeira, troquei a fralda e joguei no mundo. Eu posso responder: perdi pelo caminho. Eu posso responder: cuidei da melhor maneira que pude. Eu posso responder um monte de coisas diferentes. A questão é saber o que você QUER responder. Eu, particularmente, quero responder: fiz o melhor que pude, saí do meu comodismo, fui atrás, me desafiei, tive a humildade de perguntar pra outras pessoas se existiam outras possibilidades, testei outras possibilidades, mudei minha própria filosofia e quebrei meus próprios paradigmas. Se deu certo? Não sei se deu, mas o caminho foi muito bem feito, com amor, respeito e valores estritamente humanos. 
Por que estou falando sobre isso?
Porque desde o início da gravidez tenho me deparado com novas possibilidades de criar filhos que são totalmente diferentes daquilo que eu sabia (que também não era muito). A começar pelo parto. Eu achava que parto era hospitalar. Descobri  que existiam outras possibilidades.  E o meu encontro com novas possibilidades não parou por aí. De forma que, hoje, sou feliz por poder dar outras respostas àquela lista de coisas que mencionei no início.

parto - hospitalar, domiciliar, ou onde a mulher puder se sentir dona de si e de seu corpo e não à mercê de uma equipe médica que a trata como apenas um detalhe, ou mais uma na fila econômica dos nascimentos do dia
lugar de criança passear - carrinho é o mais conhecido. Mas tem duas novidades por aí que prometem revolucionar a maneira de carregar bebês. Uma é o colo. Conhece? A outra é o sling. Essa você realmente pode não conhecer, embora tenha mais de mil anos de uso...
xixi e cocô de criança - fralda. Ou não. Durante minha gravidez, ouvi falar em duas coisas que, de primeira, rejeitei. Claro que rejeitei sem nem conhecer, o que é absolutamente comum. Uma é o diaper free, ou elimination communication. É um conceito profundo que fala, de maneira bem resumida, sobre como criar crianças sem fraldas, baseado em observar e conhecer os sinais que seu filho manda para ler o comportamento de eliminação dele. A outra coisa é o uso das fraldas de pano. Eu quero muito aprender a primeira técnica, muito. Mas ainda não me abri totalmente - faço aqui o mea culpa. Não sei nem porque não me abri ainda, já que hoje admiro muito a prática e concordo com suas premissas. Aí, aprendendo a usar a primeira, usar a fralda de pano ficaria fácil fácil... Às vezes me sinto meio mal de não ir a fundo nisso, me sinto acomodada, mas já aprendi que "temos nosso próprio tempo".
lugar de criança tomar banho -  na banheirinha, no balde, no colo dos pais e no chuveiro desde bem novinhos, de um monte de formas que podem deixar o bebê mais à vontade ainda e tornar o momento do banho uma coisa super prazerosa.
excesso de colo - fundamental, se você quiser criar pessoas seguras, que confiam firmemente em seus pais, tranquilas e, principalmente, que tenham absoluta consciência do quanto são amadas.
leite materno escasso - complementação sim, se for mesmo necessário. Mas só depois de tentar um monte de outras coisas que vão ajudar infinitamente na produção de leite. Dei algumas dicas aqui no blog já, mas tem mais um monte de outras coisas pra fazer, embora não espere que o obstetra ou o pediatra vá te falar, minha nega. Infelizmente, tem muita mãe que não sabe disso, simplesmente porque ninguém falou pra ela (ou porque ela não foi tão atrás assim, isso varia muito, de pessoa pra pessoa). 

Este post começou a surgir mentalmente hoje, quando algumas amigas começaram a dar algumas sugestões - nada óbvias - para uma questão que estou vivendo agora e, também, porque eu vou experimentando (sem medo de não dar certo) coisas que minha intuição vai me sugerindo. A primeira questão que apareceu nos últimos dias foi: Clara não cabe mais no carrinho em que ela dormia a noite, do lado da nossa cama. Alternativa óbvia: começar a dormir no berço dela, no quarto dela, longe da gente. Não queremos o óbvio, novamente. Queremos que ela continue a dormir conosco. Mas o berço não cabe no nosso quarto e não queremos adotar cama compartilhada, porque ficamos muito tensos com medo de machucá-la a noite. O que fazer? Perguntei pras amigas e cada ideia genial surgiu!! Até que a Gabi (ó lá, Gabi, vc de novo, contribuindo para minha quebra de paradigmas) me sugeriu um site que fala sobre Quartos Sem Berços, novas possibilidades para crianças dormirem além dos berços (fui ler mais a respeito e descobri que a grande precursora disso foi Maria Montessori, veja você...). A outra questão que também me ajudou a sair, novamente, do óbvio aconteceu hoje. Clara tomou 5 vacinas filhas da puta (desculpa o palavrão. Sou a favor das vacinas, mas fico muito puta da minha vida quando tenho que dá-las, porque quero matar alguém cada vez que vejo minha filha sentir dor, bosta!). Aí ela ficou chorosinha, coitadinha. Ela nunca toma remédios, nunca, mas hoje tive que dar um analgésico no meio da tarde, que foi de grande valia. A dorzinha passou e ela dormiu. Mas a noite, quando acordou, acordou com dor e chorando. Não quis dopá-la de novo. Fiquei pensando o que eu poderia fazer e aí tive uma ideia, baseada nos sinais que ela vêm me mandando nos últimos dias: fui na cozinha, peguei um copinho bem pequenininho, coloquei água filtrada, voltei pro quarto e ofereci a ela. Foi um dos momentos mais marcantes do desenvolvimento dela: eu e o namorado ficamos ali encantados, vendo ela parar de chorar, beber a água com prazer, sorrir, olhar pra gente como agradecendo, lambendo a aguinha, empurrando o copinho com a própria mãozinha dela. Foi demais. Parou de chorar em função da novidade e deu tudo certo.
Portanto, saindo do óbvio, hoje estou pensando em reestruturar a maneira dela dormir. Vou pensar direitinho amanhã, olhando o meu quarto, em como posso reorganizar as coisas por lá para que ela continue com a gente (ela já está dormindo no colchãozinho ao lado da nossa cama, mas quero aperfeiçoar a técnica). E, também saindo do óbvio, hoje vi que tomar água pode ser tão prazeroso, pra ela, que funciona como um remedinho. Aí eu posso até completar o que ficou faltando daquelas possibilidades lá:

febre e dor - antitérmico e analgésico, mas também aguinha dada num copinho, com papai e mamãe dando toda a atenção e carinho que a situação de dor solicita
lugar de criança dormir - berço, colchão, cama dos pais, cafofinho da vovó, ou outra alternativa fora do óbvio que a gente inventar
forma da criança beber - mamadeira, ou copinho, que tal?

Em resumo, tenho apenas um conselho para as mães novatas como eu (e também para as mais experientes, por que não?): perguntem-se, sempre e sobre todos os assuntos que dizem respeito à vida dos seus filhos: EXISTEM OUTRAS POSSIBILIDADES?
Se você descobrir que existem, abra sua mente para conhecê-las. Você pode ter uma grata surpresa e seu mundo pode mudar pra melhor.
Se você descobrir: COMPARTILHE! Escreva a respeito, mande um e-mail pras amigas, ligue pra contar, mas compartilhe uma boa possibilidade... fora do óbvio.
Lígia Moreiras Sena.

Assim como a Lígia, você também pode participar deste cantinho como colaboradora, envie seu email para recantodasmamaes@yahoo.com.br

VEJA MAIS POSTAGENS

5 comentários

  1. Oi Lígia!
    Gostei do post.

    Somos todos diferentes e precisamos sim estar atentos e abertos a novas possibilidades, para sair do óbvio e inovar quando vemos a necessidade.

    Colabore sempre que desejar, pois foi um prazer tê-la por aqui.
    Beijos carinhosos e tudo de bom!

    ResponderExcluir
  2. Oi Lígia,
    Que post bacana, em!!
    Sair da nossa zona de conforto não é nada fácil. Mais ficar seguindo regras tb não é.
    Como mãe de primeira viagem que sou, vou ficar mais atenta as suas dicas, viu.
    Um grande abraço,
    Maristela

    ResponderExcluir
  3. Olá Lígia,
    Gostei muito do post!
    Realmente precisamos sempre procurar fazer o que for melhor para nosso filho, mesmo que para isto seja necessário fazer diferente do que nossa mãe, avó, tia...fizeram. Buscar alternativas melhores sempre.
    Já tinha ouvido falar do método elimination communication, mas meu filho já estava grandinho...
    Beijos, participe sempre do Recanto!
    Lauri

    ResponderExcluir
  4. adorei o post... parabenssssssssss
    e bem vinda ao recanto...estaremos esperando novos textos seus..

    bjussssssssssss

    ResponderExcluir

Obrigado por comentar, ficamos felizes!