Post escrito por Edjane Oliveira, do blog Conversinha de Mãe
Os últimos dias não foram nada fáceis para nossa família. Durante cinco dias, Cecília, a irmã de meu marido, Alex, esteve internada, em coma, acometida por uma doença repentinamente. Para nossa filha Beatriz, de apenas quatro anos, foi primeira experiência de ver alguém tão próximo nessa situação. Foi também, infelizmente, a primeira vez que ela teve que lidar com a perda de um ente querido. Na noite de quinta-feira, recebemos a notícia do falecimento de minha cunhada.
Além da nossa dor da perda, não conseguia deixar de pensar de que forma íamos dar essa notícia a ela, tão pequena e tendo que saber de perto o que é a morte. Como foi tudo muito rápido, na manhã do velório e sepultamento levamos ela para a escola e tentamos não demonstrar o que estava acontecendo. Conversei com a professora que ela ainda não tinha conhecimento do ocorrido e em casa tentamos não deixar que ela soubesse.
No entanto, tínhamos em mente que era por nós, seus pais, que ela deveria saber que não veria mais sua tia, com quem ela brincava como se as duas tivessem a mesma idade. Esperamos a melhor oportunidade para contar. No sábado à noite, quando o pai ia sair para ir à casa da avó, ela perguntou se ele iria ajudar a vovó a cuidar da tia. Decidimos que essa seria a hora oportuna.
Sentamos com ela e Alex explicou que a tia, por quem nós tínhamos pedido tanto a Papai do Céu para que cuidasse dela e deixasse ela boa se essa fosse a vontade dEle, estava sofrendo muito e, por isso, Deus resolveu levá-la para morar no Céu, com ele, onde não mais sofreria. A princípio, o único comentário dela foi: “Mas ela foi muito rápido, né, pai?”. Nos surpreendemos com tanta sabedoria em discernir que o natural é que primeiro vão os mais velhos.
Depois, só nós duas em casa, ela veio sentar em meu colo no sofá e me viu derramando algumas lágrimas. Com sua doçura e mãos carinhosas que enxugavam minhas lágrimas, perguntou: “Por que a senhora está chorando, mamãe?”. “Porque mesmo sabendo que tia Cecília está no céu e não sente mais dores a gente sente saudades”, disse eu. “Mas, mãe, depois que ela ficar boa ela volta”, tentou consolar-me. Não podia enganá-la e senti que tinha que dizer que não, infelizmente não íamos mais ver a tia, mas nós tínhamos que ficar felizes por ela, pois ela estava num lugar bem melhor e, agora, sem dor.
Percebi que foi então que ela de certa forma entendeu, do seu jeito e pra sua idade, o que tinha acontecido e então começou a chorar. Deixei que ela chorasse à vontade, que vivesse esse momento de tristeza, até então desconhecido para ela. Não posso negar que, como mãe, não queria que ela estivesse vivendo aquilo. A gente que é mãe (e pai também) não quer que nossos filhos sofram, se a gente pudesse colocava eles numa redoma, protegido de tudo e todos. Mas não é assim. A nossa missão é criá-los para que tenham condições de enfrentar os problemas da vida.
Depois que ela chorou, falei com ela que é normal a gente sentir saudade, porque não vai mais ver aquela pessoa que tanto ama. Mas temos que entender que a vontade de Deus é boa e ela está, com certeza, num lugar melhor que todos nós. Disse também que a gente deveria estar bem para dar ainda mais carinho a vovô e vovó, que vão sentir ainda mais saudades. E ela, novamente, me deu uma lição de sabedoria. “Mamãe, então vou ter que ir mais pra casa de vovó Jane, ficar com ela, brincar com ela, né?”, disse. E eu respondi afirmativamente.
É isso, gente. Temos que estar preparados para tudo. A gente nunca imagina as surpresas que nos reservam cada dia. E é engraçado como é justamente a morte que nos faz refletir sobre a vida.
Beijos
@conversinhadmae
Edjane é jornalista, mãe da pequena Beatriz.
Assim como a Edjane, você também pode participar deste cantinho como colaboradora, envie seu email para recantodasmamaes@yahoo.com.br
Equipe do Recanto
4 comentários
Olá Edjane!
ResponderExcluirSinto muito pela perda de vocês.
Nossa, é uma situação muito difícil mesmo. As crianças cedo já estão tendo que lidar com perdas.
O meu desejo é que Deus esteja consolando o coração de todos os teus familiares.
Um beijo carinhoso.
Que texto emocionante! A forma como você escolheu o melhor momento para fazê-la entender e o carinho que lhe deu naquele instante são comoventes. Sinto pela sua perda, que Deus lhes dê forças nesse momento.
ResponderExcluirBeijo
Adri
Sinto muito pela sua cunhada. É muito triste assim de forma repentina...
ResponderExcluirE quanto a sua menina, vcs souberam falar de forma correta com ela. Eu já li que as criaças começam a ter medo de que papai e mamãe podem morrer a partir dos 7 anos, que se a gente não souber explicar direitinho como isso acontece, q elas crescem inseguras. Sua menina está entendida e é muito espertinha.
Bjs pra vcs.
É um momento bastante delicado mesmo.
ResponderExcluirA minha pequena passou por isso muito cedo. Quando a bisa faleceu.
Foi muito dificil contar a ela.
Mas você soube fazê-lo da forma mais fácil para a pequena entender.
Obrigado por comentar, ficamos felizes!