Por Renata Palombo, do blog Descobrindo a Maternagem
*A Renata é casada, blogueira e mamãe: "Sou mãe por opção, descobrindo dia-a-dia a maternagem. Tenho dois filhos e um cachorro. O cachorro é o 'filho mais velho' chama-se Frederico. O Diego é o filho do meio e a Natalia a mais nova. Presentes de Deus!!"
No livro de êxodo capítulo 2:1 a 10 (Bíblia Sagrada), conta a história de Joquebede, uma mãe de muita coragem. Ela fazia parte do povo de Israel e vivia no Egito. O rei do Egito começou a perceber que o povo de Deus estava mais numeroso e forte que o seu povo (Ex. 1:9) e ficou com medo de que no caso de uma guerra os Hebreus se unissem com os inimigos do Rei e batalhassem contra eles (Ex. 1:10) então determinou que as parteiras da época matassem todos os bebês hebreus que nascessem do sexo masculino, dessa forma o povo pararia de crescer e prosperar. As parteiras temeram a Deus e não obedeceram ao Rei, então ele deu uma nova ordem dizendo a todo o povo que todos os filhos que nascessem dos Hebreus deveriam ser jogados no Rio Nilo, mas as meninas poderiam viver.
Aconteceu que nessa época nasceu o filho de Joquebede, um menino lindo. Com medo de perder o filho, ela conseguiu esconde-lo por três meses e quando viu que não podia mais escondê-lo colocou-o em um cesto de junco e depositou o cesto no rio Nilo. Sua outra filha (Miriã) acompanhou o menino rio abaixo até que ele foi encontrado pela filha do Faraó. Logo a irmã do bebê foi até a princesa e disse que conhecia uma mulher que poderia cuidar da criança pra ela. A princesa mandou chamar a mulher, deu o menino para que ela cuidasse e ainda lhe pagou um salário por isso. Quando o menino cresceu, a filha do Faraó o adotou como filho e colocou-lhe o nome de Moisés, que significa “retirado das águas”.
Como mães, podemos aprender muitas lições com as escolhas e atitudes de Joquebede:
A primeira lição que podemos aprender é que mães precisam ter atitude e criatividade. Joquebede não ficou sentada lamentando a situação, esperando uma solução vinda de fora. Ela sofria com a possibilidade de perder o filho e fez tudo o que estava ao seu alcance para salvar a vida do bebê. Certamente a medida que o menino crescia e seu choro ficava mais vigoroso ela tinha mais medo de ter o filho descoberto pelos egípcios e morto. Ela deve ter pensado em muitas coisas, mas viu no Rio Nilo uma possível saída para sua situação. Apesar de saber que o rio era repleto de crocodilos, ela sabia também que havia muitas mulheres às suas margens para banhar-se, pegar água, lavar roupas... Inclusive a princesa do Egito! Ela então teve a criatividade e a atitude de preparar uma cesta de junco (para despistar os crocodilos) e vedar com betume para evitar entrar água. Era uma situação emergencial e alguma coisa precisava ser feita. Qual tem sido a nossa atitude diante das dificuldades que temos enfrentado com nossos filhos? Fingimos que não “é com a gente” ou buscamos ajuda e alternativas para resolver os problemas? Ficamos desesperadas, sem ação, lamentando, ou nos enchemos de coragem, nos armando com o escudo da fé e enfrentamos os problemas, sabendo que Deus está no controle da situação?
Esta é a segunda lição que podemos aprender com Joquebede: Ter Fé em Deus. Acreditar que Deus é um Deus de Milagres. Para fazer o que fez Joquebede precisava acreditar num milagre vindo dos céus, pois só pela interferência Divina o menino poderia se salvar. E o milagre veio completo, como Deus é maravilhoso! O menino foi achado nada mais nada menos do que pela filha do Faraó, ela viu graça na criança mesmo percebendo que era do povo hebreu, Miriã (irmã mais velha de Moisés) viu a princesa pegando o bebê, a princesa aceitou a sugestão de Miriã e a criança voltou exatamente para o seio de sua família. Agora já não precisavam mais se preocupar porque a criança estava sobre a proteção da princesa do Egito e a família ainda receberia um salário para cuidar da criança. Quando vivemos pela fé, Ele nos dá muito mais do que sonhamos. Será que essa sucessão perfeita de acontecimentos foi apenas uma ironia do destino? Com certeza não! Quando entregamos nossas vidas nas mãos de Deus, Sua vontade é, muito maior que simplesmente “ironias do destino”. Quando pensamos na nossa vida hoje, vemos que cada dia é um grande milagre de Deus. Nossos filhos não estão boiando em um rio cheio de crocodilos, mas estão em um mundo cheio de violência, doenças, perigos e más influencias. Hoje nos vemos cercados de “crocodilos” modernos, mas as Mãos de Deus operam milagres diários em nossas vidas protegendo a nós e a nossos filhos, assim como fez com Moisés.
A terceira lição é sobre Coragem. Uma mãe precisa ter coragem de confiar no Poder Deus. Acreditar que Deus é um Deus de milagres pode até ser fácil, mas colocar as nossas vidas nas Mãos dele contrariando tudo o que nos parece sensato, exige coragem. Ao colocar seu filho nas perigosas águas do Nilo, ela provou que tinha muita coragem e confiança de que Deus estaria cuidando dele. Possivelmente Joquebede questionou porque as coisas tinham que ser daquele jeito, porque o Faraó tinha dado a ordem de matar todos os meninos, mas mesmo com estes questionamentos ela acreditou que Deus estava no comando. Na nossa vida hoje também é assim, embora nem sempre entendamos as conseqüências das atitudes dos homens, Deus é sempre soberano e tudo conduz. Será que confiamos que Deus está cuidando de cada filho nosso? Que a vida dos nossos filhos depende mais das providências Divinas que das nossas? É claro que temos o dever de proteger e cuidar de nossos filhos, mas a vida deles está nas mãos protetoras e amorosas de Deus.
A quarta lição que Joquebede nos ensina é a importância da Cumplicidade Familiar. Quando temos uma dificuldade com os filhos, todos os membros devem participar ativamente. Devem saber sobre o que está acontecendo e cada um fazer a sua parte na resolução do problema. Por três meses Moisés ficou escondido em casa, os irmãos mais velhos (Arão e Miriã) precisaram ser orientados devidamente e souberam guardar o segredo sobre a existência do irmão. Para tarefa tão difícil, precisou contar com a ajuda de todos. Ser cúmplice significa apoiar o outro em suas decisões. Tantos os filhos de Joquebede quanto seu marido podiam ter tentado impedi-la de cometer a “loucura” de colocar o filho no rio, mas eles a apoiaram e confiaram que ela estava sendo guiada por Deus. Miriã, também foi de grande apoio e cumplicidade quando decidiu seguir o irmão e depois em ir falar com a filha do Faraó, ela se sentiu co-responsável pela situação e fez a parte dela para resolver o problema da família. Infelizmente hoje vemos muitas mães sobrecarregadas com todas atribuições, dentre elas resolver os problemas dos filhos sozinhas. Umas agem assim por serem centralizadoras e crerem que somente elas são capazes de resolver as situações adversas, outras porque a própria família (marido e filhos) não querem se comprometer. Mas a experiência de Joquebede nos ensina que se É UM PROBLEMA DE FAMÍLIA, DEVE SER RESOLVIDO ATRAVÉS DA FAMÍLIA.
A quinta lição se refere a responsabilidade das mães em estimular a Autonomia dos Filhos. A mãe entregou a Miriã a tarefa de vigiar o irmão e confiou que ela era capaz. Provavelmente tenha ficado muito orgulhosa do que a filha fez: tomar atitude de falar com a princesa oferecendo a sua família para cuidar do pequeno bebê. Muitas vezes estamos impedindo nossos filhos de crescerem por não permitir que façam aquilo que já são capazes e por não acreditarmos neles. Claro que precisamos levar em consideração a faixa etária e respeitar seus limites.
A sexta e última lição é sobre criarmos os filhos para o serviço ao Senhor. Moisés ficou pouco tempo sob os cuidados de sua família até ser adotado pela princesa egípcia, porém foi o tempo suficiente para que Joquebede lhe ensinasse sobre o amor e o poder de Deus. Os poucos anos na casa de seus pais foram de extrema importância para receber educação e orientação espiritual. Lá ele conheceu a Deus e aprendeu a amá-lo e respeitá-lo, aprendeu a conhecer Sua vontade e obedecer-lhe; ali aprendeu que Deus é um Deus de milagres. Assim que saiu da casa dos pais Moisés foi educado de acordo com o costume real, em todos os ensinos do Egito. Recebeu a educação de um príncipe, sendo preparado para se tornar o Rei do Egito. Ainda assim, Moisés escolheu permanecer nas mãos de Deus e manter-se fiel ao Deus verdadeiro que havia conhecido no seio de sua família se tornando posteriormente o libertador do povo de Deus. Vemos também ao longo da história, que Arão e Miriã também tiveram participação importante na jornada espiritual dos Hebreus, sendo servos do Senhor por toda a vida, o que prova que Joquebede mostrou aos filhos através de seus testemunhos a presença de Deus de maneira tão forte que os filhos “não puderam” desviar-se de Seus caminhos. Temos criado nossos filhos na presença de Deus? Eles estão aprendendo em casa a servir a Deus? Como mães cristãs temos tido o cuidado de dar a educação espiritual necessária para que eles aprendam a temer, amar a Deus e servi-lo? É um privilégio e uma alegria quando podemos ser instrumentos do Senhor para levar nossos filhos ao conhecimento e à fé em Jesus Cristo, ensiná-los a orar diariamente e buscar direção para suas vidas na Palavra de Deus. Deus preserva a vida de nossos filhos para Sua honra e glória.
Quem dera pudéssemos ver todas as mães e pais tendo como objetivo maior para a vida de seus filhos servir e honrar a Deus.
Bibliografia: Bifano, Gilson e Bifano, Elizabete. Pais e Mães da Bíblia: Erros e Acertos. Ministério Oikos. 2003.
*A Renata é casada, blogueira e mamãe: "Sou mãe por opção, descobrindo dia-a-dia a maternagem. Tenho dois filhos e um cachorro. O cachorro é o 'filho mais velho' chama-se Frederico. O Diego é o filho do meio e a Natalia a mais nova. Presentes de Deus!!"
5 comentários
Esse texto me fez lembrar um livro que li faz tempo: O salário de uma mãe, de Elizabeth Strachan, conhece?
ResponderExcluirRealmente hoje em dias o trabalho, o corre-corre faz com que as pessoas se esqueçam do valor de educar com Deus. Cris
ResponderExcluirOlá Renata!
ResponderExcluirQue lindo texto, obrigado por compartilhar conosco.
Joquebede foi uma mulher realmente maravilhosa, vemos a agir de Deus através dela.
O meu desejo é que eu possa ser uma mulher sempre fiel a Deus e que ele me dê muita sabedoria na educação da minha filha.
Um beijo carinhoso.
Gostei muito do seu post.
ResponderExcluirUma benção de Deus.
Obrigada!
Att,
Ságna do bebeboneca.blogspot.com
É uma reflexão profunda sobre a história de Moisés (aliás, nome de meu filho mais jovem).
ResponderExcluirParabéns à Renata e obrigada à equipe, que publicou o texto.
Abraços.
Celina
Obrigado por comentar, ficamos felizes!