Aniversário do Recanto Colaboradora

Quando o amor se multiplica

sábado, agosto 18, 2012Chris Ferreira

Por Márcia Ferraz



Entrar em casa com um bebê novo nos braços foi como chegar e encontrar todos os móveis fora do lugar. Sentia que era o meu lar, mas ao mesmo tempo não era. Tudo o que eu mais queria era dar um abraço apertado no meu primeiro filho e dizer pra ele que eu o amava mais forte do que sempre amei.E a impressão que tive ao vê-lo pela primeira vez após o nascimento do Guilherme, não esquecerei jamais : " Meu Deus, que menino enorme!". Sim, menino, ele já não era meu bebê. Ele tinha mãos grandes, um olhar esperto, ele falava, andava! Não posso crer que só nesse momento pude perceber como o meu filho havia crescido... 

Eu estava muito preocupada com aquilo tudo que me disseram, que o Gustavo sentiria muito ciúme, que sofreria, que iria regredir. E foi tudo pelo contrário. Ele adorou ter o irmão em casa, sentiu como se fosse um presente. No início o Guilherme dormia muito, então eu podia passar horas e horas brincando com ele, coisa que na gravidez eu já não podia fazer. Regredir? De maneira alguma. O desfralde ( natural ) ocorreu quando o Guilherme completou 1 mês, de forma tranquila e espontânea.
Agora, acredito que quem sofreu mais nessa adaptação fui eu. No primeiro dia com o Guilherme em casa, eu olhava para o Gustavo via que estava com a fralda carregada, unhas compridas, cabelo despenteado, olhava para o Guilherme e via ali um recem-nascido enrugadinho e totalmente dependente. Pensei : "Meu Deus, eu não tenho capacidade de administrar cuidados para duas crianças!Como vou me lembrar de trocar a fralda de um e do outro? Cortar unhas dos dois?". Me lembro nitidamente de abrir uma gaveta e encontrar ali pentinhos, tesourinha, sabonetes do Guilherme, tudo dentro da embalagem, novinho e pensei "Eu estava preparada para a chegada dele, não estava? Como que agora me sinto tão despreparada!".

É engraçado que me lembro dessa fase com uma neblina. Vejo as imagens abafadas atrás de uma névoa. Misturando o sorriso do Gustavinho, com a fralda pequenina do Guilherme, a dor no corpo que eu sentia e um coração em prantos.
Foi uma fase particularmente dificil pra mim. Não pelo Gustavo e nem pelo Guilherme, mas porque me sentia sozinha e porque carregava um peso imenso nas costas, uma necessidade de não magoar nenhum dos dois e um sentimento de profundo desamparo ( infelizmente não tive o apoio feminino que toda mulher necessita nesse momento delicado que é o pós-parto). 
Precisava superar aquele momento sozinha e com o apoio do marido. Dessa vez me esforcei para não ter depressão pós-parto. E por um motivo muito simples. Eu não podia. Todos os dias me esforçava para sorrir para o Gustavo, para mostrar que estava tudo bem, que iríamos vencer, que a mamãe logo estaria bem, que daria conta. E de fato, isso aconteceu. Os hormônios se regularam, aquela dor foi passando e comecei a respirar aliviada.

Aos poucos e como tudo na vida, o tempo se encarregou de trazer o equilíbrio. Bem devagar, a rotina foi se instalando, eu aprendi que era possível ser mãe para os dois. Eles foram me ensinando que sim, seria possível esperar um pouquinho, que eles não iriam ficar magoados. Afinal, somos uma família e estamos aqui para cooperar uns com os outros. E se no final das contas, uma lágrima rolar dos meus olhos, seja por solidão ou seja por cansaço, a cura virá através daquele sorriso ou daquele "eu te amo". E meus filhos me ensinaram que sim, o amor cura.


A Márcia fez parte do Recanto do final de 2010 ao inicio de 2011. Quando entrou para a equipe, ela tinha apenas o Gustavinho e depois chegou o Guilherme para acrescentar ainda mais alegrias à familia. 
Hoje o blog pessoal da Márcia está desativado para o público. Muitos dos seus textos aqui foram contando suas experiências na maternidade, agregando sempre experiências para nós, leitoras. Textos emocionantes e carregados de sentimentos... Confira alguns posts dela aqui no Recanto:

Márcia, muito obrigada mesmo, por dividir mais essa experiência com a gente e muito obrigada por aceitar o nosso convite, vindo comemorar este aniversário do Recanto com a gente.
Um beijo,
Equipe Recanto



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15 comentários

  1. Muito bom ler seu texto Márcia! Me fez relembrar quando minha segunda filha nasceu, porém meu pequeno sofreu um pouco com a chegada da irmã, pois era muito pequeno e tive que desmamá-lo aos 7 meses e no finalzinho da gestação não podia mais carregá-lo no colo como ele pedia, nos primeiros dias em casa ele chorava que queria dormir comigo só que estava a todo momento amamentando ou fazendo algo para a pequena que havia acabado de sair da minha barriga, confesso que olhava para aquele ser indefeso que dependia exclusivamente de mim e para o outro que chorava por não me ter a todo o momento e tinha medo de um dia lhes faltar, de não dar conta e deixá-los sofrer...mas como temos força nessa hora, tive toda força do mundo e meu marido me ajudou (e ainda me ajuda) muito, hoje a Mel está com 1 ano e 7 meses e o Fabrício tem 2 e 10 meses somos uma família muito feliz, com ciúme entre irmãos e tudo, mas nada supera o grande amor que reina por aqui!.

    Um grande abraço,

    Cris

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  2. Márcia, obrigada por compartilhar sua experiência conosco. Lindo o seu depoimento.
    Ainda estou no primeiro, e passei um bom tempo sem pensar em outro. Agora me sinto mais preparada para o segundo. Tudo acontece na hora certa e Deus sabe da nossa capacidade.
    Beijão,
    Ju

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  3. Não posso ouvir histórias de segundas gestações que a vontade vem rapidinho de engravidar, mas ainda não tô podendo!

    Adorei a participação! Adorei a história e saber que existem tantas histórias semelhantes as nossas e que nos ajuda a procurar a direção num "problema"!!!

    Parabéns!!!

    Beijos, Má
    www.monmaternite.com

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  4. Que belo depoimento Marcia.
    como é lindo saber um pouco mais da história das mamães que fizeram história no Recanto das Mamães Blogueiras.
    Bjks

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  5. Amo ler sobre a chegada dos segundinhos. Ainda mais sabendo que, por mais que seja difícil, pode sim ser surpreendente. Como no caso da Marcia, que os filhos caminharam na mesma direção. Da tranquilidade!
    Tô planejando o segundinho, e seu depoimento ampliou meu preparo. Pq a gente acha que tá preparada, mas só na hora H é que nos damos conta!
    Obrigada!

    Beijos

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  6. Márcia, belíssimo depoimento.
    Me tocou muito, muito mesmo.
    Adorei tê-la por aqui, pois sempre gostei demais dos teus posts.
    Beijinhos e um abençoado final de semana.

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  7. Márcia, que lindo o seu relato!
    Nunca me esqueci da experiência de desmame do Gustavo que você contou aqui, e agora essa experiência do segundo filho tão emocionante e quebrando as velhas sentenças que ouvimos por ai: é "sempre assim" ou "é sempre assado"...
    Gostei muito da sua participação!
    beijos
    Lauri

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  8. Que lindo!
    Eu sinceramente não vejo a hora de encomendar o segundo, mas sei que ainda é cedo. Mesmo assim, tenho vários medos e inseguranças quanto à reação da Lu, e quanto a mim mesma. Um já é dificil, meu Deus imagina dois!
    Sempre bom ler os depoimentos de outras mamães.

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  9. Márcia
    Adorei o seu post, caiu como uma luva pra mim que estou prestes a ter o segundo filho, que na verdade, é uma menina. Antes de engravidar pela segunda vez, tive muitos receios e medos de como seria administrar 2 amores tão grandes na minha vida... ainda hoje penso em como vai ser... vamo ver como será comigo. um abraço e felicidades

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  10. Adorei o texto
    Que sensibilidade
    Também foi muito difícil dividir o tempo entre cuidar do filho mais velho e das mil situações com o bebê. Dava dó pois não tinha mais tanto tempo para dar a atenção
    Beijocas
    Cris Chabes

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  11. Eu me identifiquei muito com o seu post. Estou vivendo esse momento e aos poucos, as coisas estão voltando ao normal (ou sou eu que estou voltando ao normal?).
    Realmente, não é nada fácil é um grande desafio e realmente, o amor se multiplica.

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  12. Que lindo texto! Me emocionei pq meu bb vai nascer na mesma semana q minha filha completa 2 anos. Estou mto ansiosa com essa nova fase de ser mãe de 2. Creio que em Deus, serei capaz de superar. Mas o frio na barriga é inevitável... bjs Camila Vaz

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  13. Que legal, vou lá ler este posts! Obrigada pelas dicas! beijos
    http://antonellaesuaboneca.blogspot.com.br/

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  14. que lindo relato!!!!!
    só uma mãe mesmo para entender!!!

    www.jeitinhos.blogspot.com.br/

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  15. Recentemente ganhei um novo presente (Ulisses) que fez 1 mês de nascido recentemente, já tinha o Heitor (1 ano e 10 meses), quando cheguei em casa tive a mesma reação, percepção...parecia que o Heitor não era mais o meu bebezinho, ele estava imenso, esperto, independente, na primeira semana foi bem delicado, pq ele queria meu colo e eu não podia oferecer, isso me doeu muito, pq tive medo de que meu filho se afastasse de mim, mas aos poucos fui envolvendo o Heitor, deixando que ele participasse dos cuidados do irmãozinho e agora sinto que tá tudo bem. Mas amei o relato, pq vi que é normal essa fase inicial para adaptação da família.

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