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Sobre medos e decisões: O que aprendi como mãe
sábado, março 08, 2014Mãe Vaidosa
Quando consegui meu positivo Bernardo já
era um “projeto” antigo, primeiramente solo, depois compartilhado com o
marido. Nunca tivemos dúvidas quanto a ter ou não um filho. Só
precisávamos decidir o tempo certo pra nós dois. E assim foi. Quando
decidimos que era hora começamos as tentativas, fizemos tudo em
silêncio, porque tem certas coisas que só interessam ao casal e
interferências externas, apesar de toda a boa vontade da família e
amigos, podem acabar atrapalhando. E deu tão certo e estávamos tão
relaxados que na nossa terceira tentativa conseguimos nosso filhote.
E no dia das nossas primeiras bodas
estávamos nós dando à família a notícia de que teríamos um novo
integrante em breve. Guardamos o segredo por uma semana, só Deus sabe o
esforço que eu tive que fazer. E a partir dalí nossa vida mudou e pra
melhor.
Durante esta minha curta experiência
como mãe aprendi algumas coisas que manual nenhum ensina, e sobretudo
passei a entender tanta coisa que meus pais, avós e outros pais em geral
diziam, e eu até concordava, mas ó, não tinha a mais fúcsia ideia do
real significado daquelas afirmações. E nem tô falando dos clichês,
daquelas coisas que de tanto ouvir todo mundo repete e acaba virando um
mantra de tão batido, mas de depoimentos sinceros, declarações nem tão
cor de rosas mas vindas do fundo do coração mesmo.
Se eu tivesse de redigir o meu manual
informal de coisas que aprendi como mãe, ou de coisas que eu descobri
depois que me tornei mãe, seria mais ou menos assim:
1)Quando se trata de ter um bebê, você
nunca vai ter dinheiro suficiente. Nem tempo suficiente. Nem realização
profissional suficiente. Nem sabedoria suficiente. O que eu quero dizer
com isso é que se você está esperando escalar o monte Everest primeiro
pra depois ter um bebê, talvez seja hora de rever seus conceitos. Eu
conheci meu marido com 16 anos, então pra mim foi válido terminar os
estudos, me formar, arrumar emprego pra depois casar e ter filho. Mas a
partir do momento que decidimos que o tempo estava passando e que
precisávamos aumentar a família, fomos atrás. Ainda não temos dinheiro
nem sabedoria suficiente, mas porque não buscá-los com Bernardo ao nosso
lado? A vida não acaba depois que o bebê nasce;
2)Um bebê muda completamente a rotina do
casal. Eu e marido, na era pré Bernardo, já estávamos em casa às 18
horas em casa. Eu chegava mais cedo e dava uma geral na casa pra esperar
ele chegar. E conversávamos na cama até cansar. Aí íamos pra sala pra
conversar no sofá. E fazíamos jantares especiais só pra nós dois. E eu
cuidava das minhas plantas (que hoje descansam em paz, que eu já tenho
um bebê pra cuidar). E víamos filmes a qualquer hora. E fazíamos amor
(eita que minha família lê isso) em qualquer lugar da casa que
quiséssemos. E hoje quando eu chego faço logo o jantar do bebê. E a
noite a gente joga bola, corre, faz bagunça, se joga na cama e enche o
bebê de carinho e atenção. E depois que ele dorme é arrumar bagunça,
preparar coisas pro dia seguinte, limpar, lavar e jantar. Se tento ver
um filme antes das 23 horas já to dormindo. Tudo mudou. É bom que você
esteja preparado, porque a mudança é brutal. E não vou enganar ninguém,
às vezes dá uma baita saudade da vida de antes. Mas logo passa;
3)Prioridades, prioridades. Bernardo
mudou nossas prioridades e muda constantemente. Vou na farmácia comprar,
sei lá, um shampoo pra mim mas paro na seção infantil pra conferir as
novidades. E Bernardo não usa um bocado daquelas coisas a um bom tempo.
Se vamos a um restaurante, eu penso logo se tem estrutura de
brinquedoteca, fraldário, e essas coisas que eu não dava a mínima antes
de ele nascer. Mas que hoje são essenciais e podem ser determinantes no
sucesso ou não do nosso lazer;
4)Sair, à propósito, muitas vezes se
envolve um esquema de guerra: A que hora vamos? Que horas chegamos?
Precisa levar almoço/lanche/jantar? Quantas fraldas levar? Precisa levar
pijama? E por aí vai. Não raro saímos de casa com 2 ou 3 sacolas pro
Bernardo, e muitas vezes eu acabo esquecendo algo meu pra levar algo pra
ele. Na maioria das vezes eu coloco meu celular na bolsa dele e deixo a
minha no carro, já que levar mil bolsas e a criança junto é algo
extremamente complicado. Mas apesar de tudo isso, sair em família, só
nós três, ainda é algo que me enche de alegria. E eu sei que no futuro
vamos lembrar de muita coisa com carinho e saudade. Então, eu diria que
vale a pena;
5)Dormir é algo muito relativo. As
noites em geral são bastante agitadas. Se um dia vai bem, no outro pode
ir péssimo. Bernardo ainda mama e constantemente acorda repetindo mamá ad infinintum, enfiando a mão na minha camisola, desesperado. Mas também tem madrugadas que dorme feito anjo e acorda feliz às 6:30 pedindo gagau.
Tem vezes que acorda no meio da madrugada chorando, tem vezes que dá
gargalhadas dormindo. Não tem uma fórmula secreta. Por isso, se me
perguntam se ele dorme a noite toda, eu respondo que há dias e dias.
Apesar de as noites de sono ininterrupto serem bem mais raras, elas
acontecem. Juro.Mas não se iluda porque uma noite bem dormida não é
sinônimo de uma vida de noites bem dormidas. Mas a boa notícia é que
você acostuma;
6)Ainda sobre o sono, se seu bebê dorme
desde os 3 meses de idade a noite toda eu pergunto logo se ele usa
chupeta ou se mama no peito. E na maioria das vezes, dormem bem os que
usam chupeta e só acordam quando a dita cuja cai. Se o seu acorda pra
que reponham a chupeta, a lógica é que meu acorde pra que reponham o
peito. Simples assim. Eu escolhi o peito e tenho que arcar com essa
consequência. Amamentar e ter que acordar várias vezes por noite não
necessariamente quer dizer que eu esteja fazendo tudo errado. Eu só faço
do jeito que eu acho melhor pra mim e pro MEU bebê. Não me culpo pela
noite maldormida porque sei que amamentar tem, alêm do bônus, o ônus;
7)Não há fórmula mágica com criança. O
que pode dar certo com a sua não necessariamente dará certo com a minha.
E o que pode dar certo hoje pode não dar certo amanhã. Seríamos mais
felizes se parássemos de comparar umas às outras (tanto mães quanto
crianças) e começássemos a respeitar cada um como aquilo que ele é: um
ser humano. Com suas particularidades e imperfeições. Que pode ser mais
esperto, preguiçoso, risonho, chorão, comilão que o outro mas que nem
por isso é melhor ou pior. Não é assim com os adultos também? E
sobretudo, manuais são muito bonitos na teoria, mas na hora do aperto,
já joguei muitos deles pela janela (e não me arrependo). Não se culpe de
jogar uma ou outra regra pela janela de vez em quando. Quem sabe onde o
calo aperta é você, seu bebê e seu marido;
8)Bebês choram. E quando são muito
pequeninos é a única forma que tem de se comunicar com o mundo. É
questão de sobrevivência pra eles. E choro nem sempre é fome. Acredite,
seu bebê também tem medos, angústias, dor, frio, calor, necessidade de
colinho e afago. E a única forma que tem de expressar isso à você é
chorando. Não fique pondo sempre a culpa no seu leite, que é “fraco”. E
peloamordedeus, isso de mamar de 3 em 3 horas é uma convenção boba que
eu infelizmente segui e até hoje me pergunto o porquê. E desafio alguém a
justificar a necessidade de se amamentar apenas de 3 em 3 horas;
9)Seu filho precisa de você. Mais do que
de um berço, de cueiro, de chupeta e afins. Precisa de você e de seu
marido. Do amor de vocês e dos ensinamentos que vocês irão transmitir.
Meu filho teve berço, quarto azul, enxoval conforme listas prontas da
internet. Mas tem coisas que até hoje eu me pergunto porque diabos
comprei. Ou coloquei na lista do chá de bebê e me deram de presente.
Coisas desnecessárias que todo mundo pinta como extremamente
necessárias. Aliás, se tem uma coisa de que me arrependo na gravidez e
preparativos pra chegada do Bernardo é de dar ouvidos a tudo que me
diziam e tentar seguir tudo à risca, sem nem ao menos questionar. E não
ouvir o que meu coração e o que a minha necessidade ditava. Teria
economizado uma boa grana e teria deixado de me preocupar com coisas tão
banais;
10)Por fim mas não menos importante:
Informação é fundamental. Mas informação de qualidade, questionadora,
ouvindo os vários lados da coisa. Eu quando grávida acreditava que
informação de qualidade era ouvir meu obstetra e o que os antigos
diziam. Não que eles não tenham sido importantes, mas questionar hoje é
fundamental. Não esquecer que o que hoje se apregoa pode ser fruto de
uma mentalidade enfaixada, manipulada e extremamente tendenciosa. Fazer
uso das armas que se tem hoje de informação e questionamento é o
primeiro passo para uma mudança de paradigmas e uma mudança de
sociedade. Começando pela nossa casa, nossa família, nosso parto, nossos
filhos. Parafraseando um certo intelectual, se eu tivesse que dar uma
dica pras futuras mamães e papais hoje, eu diria, usem filtro solar e
informem-se. E não aceitem tudo que lhes for dito apenas porque todo
mundo faz ou fala.
Ter filhos é um aprendizado diário. É
uma constante reinvenção. Uma constante mudança de opinião e de foco. O
negócio é não ter medo de errar e de mudar. E saber que tudo passa
quando você recebe como pagamento o sorriso mais bonito do mundo.
Texto enviado pela Carol do Blog www.umnovotempo.net.br .Escrevi este texto pensando na minha irmã e meu cunhado, que estão
grávidos a pouco tempo. Como foram pegos de surpresa, o pai entrou numa
espécie de surto super protetor, fazendo contas toda hora pra saber como
um bebê ia caber no orçamento (pra completar, minha irmã foi obrigada a
deixar o emprego, comissárias de bordo não podem voar desde a
confirmação da gravidez).
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4 comentários
É tão bom ser mãe, mas é fato que algumas vezes sentimos falta da vida de antes rs..
ResponderExcluirE como mudam as coisas, nossa rotina, nossos lugares...
E mais mais fato ainda é que nunca teremos maturidade e dinheiro suficientes...
Adorei o texto :)
Bjs
Rafaella, ser mãe eh maravilhoso! Mas desafiador, ne?
ExcluirOI Carol, muito legal ter a sua participação no Recanto. A gente aprende muito com os nossos filhos e vamos nos readaptando a nova rotina, a nova vida com eles. Muitas vezes percebemos que os nossos medos iniciais eram "bobinhos", apesar de completamente normais e até necessários para nosso aprendizado.
ResponderExcluirUma ótima semana pra você
beijos
Chris
Inventando com a Mamãe
Q blog fofooooooooooooooooooooooooo amei as dicas , estou na minha 30 semaninhas de Cristal , seja bem vinda ao meu bloguinho www.maanupink.blogspot.com
ResponderExcluirObrigado por comentar, ficamos felizes!