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Seu Canto no Recanto - Blog Mamãe me Cria
quarta-feira, maio 18, 2016Unknown
Hoje temos a participação do Blog Mamãe Me Cria no Seu Canto no Recanto com: Ser mãe te faz feliz? Depois de lere visitar o blog da Cíntia Ferreira, compartilhe um pouquinho das suas experiências com a maternidade com a gente também!
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Blog Mamãe Me Cria |
Responda rápido: você gosta de ser mãe?
Até um tempo
atrás parece que ninguém conhecia essa pergunta. Porém, com os acontecimentos
recentes envolvendo essa palavra grande e pesadona que é maternidade, parece
que a questão ganhou importância.
A moça lá no Face disse que não, não
gostava. E isso incomodou as pessoas. Abriu-se uma discussão a respeito do
tema e centenas de mães lutaram UFC virtual nas redes sociais. Entrou pai na
história também, inclusive posts relacionados a pais ausentes e tudo mais.
Enfim, esse é o fato noticioso. Daqui a pouco acaba e todo mundo esquece
tudo. Vai viver a vida e bola para frente, galera, que ano que vem tem mais.
Mas o que fica dessa história toda é que a pergunta
que fiz no começo do post passou a ser uma constante na vida das mamães. Minha
opinião é que lá atrás, há algumas décadas, a maternidade era um ato passivo:
"Ok, sou mãe. Deixa eu ir lá cuidar do meu filho!". No entanto com a
conquista de uma certa independência da mulher, o maior acesso à informação,
advento das redes sociais e o crescimento do feminismo, a mãe passou a ser uma
figura que questiona: "Ok. Sou mãe. Vem cá, precisamos conversar sobre
isso!". E essa mudança na forma de encarar a maternidade tende a ser
positiva, porém, todavia, no entanto, é necessário olhar "reparando",
como o José Saramago ensina em "Ensaio sobre a Cegueira".
Repara comigo: o que mudou na sua vida desde que
seu baby chegou?
Tudo, não é mesmo?
Saiu de cena a mulher que ia para lá e para cá
sozinha, que tinha tempo para sair com as amigas, que perdia horas cuidando de
si mesma, que lia deitadona no sofá e tudo bem, que assistia séries em maratona
sem pensar no amanhã, que podia chegar do trabalho e desligar de tudo, que
citava o pronome "eu" mais vezes por dia e entrou em cena a mãe
atarefada, que espera o bebê dormir para cuidar da casa ou de si mesma (nunca
as duas coisas porque não dá tempo), que sabe de cor TODAS as musiquinhas da
Galinha Pintadinha, que acumula uma pilha de livros que ainda não teve tempo de
ler, que acorda sempre muito cedo, pois todo mundo sabe que criança madruga,
que passou a fazer da palavra "nós" uma constante na vida.
Mudou tudo, porque é assim que tem ser. Ter um
filho é um grande acontecimento e todos os grandes acontecimentos mudam nossa
vida, mudam a gente. Mas essa mudança foi feliz para você?
Laura Gutman diz em "Maternidade e o Encontro
com a Própria Sombra" que o ato de ser mãe abre a alma da mulher. E isso
ajuda a explicar aquela gama de sentimentos inclassificáveis e contraditórios
que sentimos, principalmente no início. E todas essas manifestações encontram
eco no comportamento do bebê, que é como um espelho da mãe. Muitas vezes
problemas de amamentação, sono, choro estão diretamente relacionados aos
sentimentos maternos. Só que as pessoas pensam que aquele período
simbiótico da gestação acaba ali no parto. Mas não acaba.
Bom, o livro é ótimo. Recomendo muito. Mas o que
quero resumir com essa citação é que a maternidade vai ser para você aquilo que
você quiser que ela seja. Se você a encarar como uma experiência de
autoconhecimento e completude, possivelmente vai ser mais feliz como mãe; agora
se você encarar como uma responsabilidade sem tamanho, uma morte daquela vida
de antes, que era, aparentemente, mais livre e mais individual, vai quase
sempre entender a maternidade como um peso difícil de ser carregado, e
possivelmente vai ser infeliz com ela.
Quero abrir um parêntese importante. Depois do parto, é comum que a mulher
experimente uma certa tristeza, além da questão hormonal, há essa abertura de
alma citada por Laura. A mulher entra em uma espécie de erupção com o parto e
partes pequenas dela vão indo embora para nunca mais voltar, enquanto ela
vivencia um renascimento, com essa reformulação interna que ela será obrigada a
fazer. Não é fácil para ninguém. O autoconhecimento não é coisa fácil. Por isso
muita gente prefere passar a vida olhando para fora, para os outros. Olhar para
si e se conhecer é um processo que pode ser muito doloroso mesmo.
Mas, vou contar uma coisa pessoal aqui para vocês,
eu, como mãe de uma menina de 1 ano e 1 mês sou feliz com a maternidade. Passei
pela tristeza, pelo luto de deixar morrer aquela menina de antes, pelo medo do
que estava por vir e se iria dar conta de tudo. Passo pelo cansaço, pelo
reconhecimento de mim mesma, pelo medo do que está por vir. Mas, no geral, sou
uma pessoa muito melhor do que antes. E muito mais feliz. E olha que não sirvo,
em absoluto, para ser mãe comercial de Margarina, e nem quero (já viram
comercial desses com uma mãe solteira? Não né). Sou mais feliz porque escolhi
enxergar a maternidade como esse processo de autoconhecimento e também porque
tenho uma criança linda que me ensina a renascer todos os dias.
Enfim, meu recado será dado pela genialidade do
Machado de Assis, pois acho que já falei demais.
Vida diferente não quer dizer vida pior. É outra coisa. (Dom Casmurro)
Sintam-se abraçadas. Estamos aí!!
Cíntia Ferreira
Jornalista, assessora de imprensa e mãe.
2 comentários
Oi Cíntia! Eu acredito nisso, a maternidade é construída com o que achamos que ela é para nós. Eu passei a reclamar menos da falta de dormir, da falta de tempo para não fazer nada...isso me faz enxergar a maternidade como a que sempre sonhei, um momento de bom aprendizado!
ResponderExcluirAbraço!
Eu acredito muito que a maternidade é mesmo um grande aprendizado. Desde que me tornei mãe, me sinto mais feliz, mais grata pelas pessoas que tenho na minha vida. É claro que é difícil, mas as coisas boas superam tudo!
ResponderExcluirObrigado por comentar, ficamos felizes!