Post escrito por Beatriz Zogaib, do blog Vida da Mami
Há dois anos e alguns dias me dedico quase que exclusivamente à maternidade. Fiz essa opção porque não me vi em outro papel se não esse desde que saí da sala de parto. Quando meu bebê tinha quatro meses cheguei a voltar ao jornalismo, mas pelo computador de casa e por apenas três meses. Quando ele tinha 1 ano e 4 meses trabalhei desse mesmo jeito, por mais três meses. Fiz por vontade, para ganhar um dinheirinho extra e para me "manter" no mercado. Dava para conciliar a mãe com a proffissional e mesmo que isso tenha me levado à exaustão, eu ficava satisfeita, pois meu pequeno estava ali ao meu lado o tempo todo. Passou e eu voltei a ser a mãe em tempo integral.
Sou privilegiada, digo e repito. E não me arrependo de usufruir de tal privilégio, que é o de estar em casa sem me preocupar com emprego. Meu bebê, hoje com dois anos, me mostra que cada minuto com ele valeu a pena. Vale muito a pena. Eu vi e vejo tudo acontecer, acompanhei cada etapa de pertinho e sei como está meu filho sem ninguém precisar me contar, sem falar em tudo que posso ensiná-lo diariamente. Eu o conheço melhor que a mim mesma! Sou feliz. Ele é feliz.
É uma pena que nem todas as mães possam praticar a maternidade com essa intensidade... Umas tem que voltar ao batente antes mesmo de a licença acabar. Sinto muito por elas e pelos seus filhos. Mas cada uma tem sua vida, sua crença, seus sentimentos e, principalmente, suas necessidades. Para ajudar, o governo em nada ajuda para que a realidade seja diferente. Nenhum benefício para mamães a não ser míseros quatro ou seis meses longe do trabalho.
Paciência para quem faz parte dessa verdade, seja trabalhando com o coração partido em deixar o filhote, seja curtindo o filho e sentindo cobranças de quem não entende essa vontade mais forte que ego, dinheiro e sucesso profissional.
Diante desse mundo onde não há meio termo, acredito que seja fácil entender o que às vezes acontece com mães que optam por ficar em casa. É que depois de tanto tempo cuidando de tarefas domésticas e de criança, faz falta um ar. O oxigênio respirado no mercado de trabalho. Pode parecer contraditório, mas, por mais satisfeita que a mamãe esteja, pensar em outra coisa que não seja só o filho e a casa dá saudade. Não a ponto de querer trocar de lugar com a mãe que trabalha fora (não mesmo!), mas o suficiente para refletir se não é possível trazer trabalho de fora para dentro. Ter uma tarefa profissional massageia a alma, muda a rotina, nos coloca como parte de um mundo que nos esquece quando estamos fora dele. No meu caso, por exemplo, não há desejo em sair de casa ainda, mas de estar aqui e abrir uma janelinha para o lado de fora, como já fiz antes. É inspirador.
Não é por acaso que vejo tantas mães mudando de ramo logo que o tempo de afastamento de seu antigo emprego termina e se dedicando a algo que possam fazer em casa para ganhar dinheiro. Umas fazem isso com o filhinho ainda bem neném, outras depois que acham que o pequeno está mais independente, mesmo que ele ainda fique só sob seus cuidados. Conheço histórias de mulheres que começaram grandes negócios assim... Pode ser a "síndrome da super mulher", mas dá certo para muitas. Dá trabalho, mas dá. E eu, que já tive a chance de experimentar esse "duo", acho maravilhosa a possibilidade. Se home office é tendência mundial para homens e mulheres solteiros ou casados, para mamães modernas, mom office pode ser uma idéia mais que genial. Seria, se não faltassem oportunidades para colocá-la em prática.
Não digo que o trabalho feito de casa resolveria todos os problemas e dilemas maternos, talvez só os aumentaria. Também não acho que seja a solução em todos os casos, afinal há profissões em que presença é fundamental. Mas, o reconhecimento do trabalho à distância nos daria mais opções, da mesma forma que já dão algumas empresas que criam espaços para os bebês ficarem pertinho das mamães enquanto elas "produzem". Mas, como escrevi, são só algumas empresas que fazem isso e o mom office ainda é quase um ideal. Por isso, só nos resta mesmo optar por qual janela fechar. E esperar até conseguirmos abrir uma porta.
*Beatriz é jornalista, mãe 24hs por opção do Leo, de 2 anos.
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Equipe do Recanto
6 comentários
Sei bem como é difícil ser mãe 24h. Fiz essa opção,mas sempre penso em como seria voltar ao mercado. Mais do que meu filho, será que eu aguentaria vê-lo várias horas por dia na escolinha? Para ter um espaço, fazer minhas coisas, ele vai passar as manhãs lá..mas pensar que posso ir buscar a qualquer momento, não preciso mandar se ele estiver dodoizinho ou manhosinho ou só querendo colinho... não imagino meu pequeno lá o dia inteiro, dá até angústia pensar. Muitas mães voltam ao batente, por necessidade, outras por opção.. as escolhs devem ser respeitadas. Mas sabe o que eu percebo? Que infelizmente, a opção de ser mãe em tempo integral não é bem vista... as pessoas perguntam com o que vc trabalha e quando vc diz que cuida do seu filho, vem aquele olhar de reprovação, ou aquela frase típica "seu marido deve ganhar muito bem, hein?" - não me sinto bem com isso. Queria ser mais respeitada!!! Enfim, escolha feita, amo meu filho... faço chocolates para vender, pelo menos posso conciliar com o trabalho de ser mãe. E após a maternidade, resolvi começar a estudar pedagogia, estou amando, me encontrei - coisa que não senti na engenharia! Se vou trabalhar com isso? Quem sabe um dia. Por enquanto curto minhas aulas EAD, aproveito cada minuto disponível para estudar... e todos os outros minutos para brincar e curtir meu filhotinho, porque o tempo voa... ontem eu trouxe aquele serzinho pequenino para casa, hoje ele já está com quase 7 meses, logo serão 7 anos... não dá nem pra piscar. Mas fico feliz porque nunca vou precisar dizer "não vi meu filho crescer", como eu ouvia tantas colegas dizendo...
ResponderExcluirEsse é um assunto bem complicado... quando tive minha filha estava fazendo o mestrado e, como bolsista, não podia simplesmente abandonar tudo e cuidar de minha filha... foi difícil, se tive licença maternidade, nem me lembro... mas ainda bem que consegui conciliar e hoje, depois da minha filha completar seus 5 aninhos, vejo que não perdi nada do seu crescimento, e tenho todas as suas fases em minhas lembranças! Agora estou terminando o doutorado e não pretendo parar... pretendo ter outro bebe e vou querer fazer do mesmo jeito! Já em relação ao trabalho em casa, definitivamente comigo não rolou! Tentei várias vezes levar os trabalhos para fazer em casa, mas não dava! sempre que que tenho um tempinho, prefiro deixar o trabalho fora de casa e dar a atenção que minha filha merece, afinal, tanto eu como ela fomos acostumadas desde sempre desta forma! Hj ela é muito independente de mim e adora se socializar com todos, principalmente na escola e com todos da família... bjus
ResponderExcluiradoreiiiiiiiii, sei bem como é tudo isso.... ta to na procura de um novo emprego q nao precise deixar meu filhote...meus artesanatos estao ajudando bastante...
ResponderExcluirbjusssssssss
Pois bem, estou nesse dilema, apesar de estar grávida novamente, a Bianca tem 1 ano e 3 meses e estou grávida de 3 meses e meio do Artur, era estagiaria e não pude continuar na empresa, desde um pouco antes da Bianca nascer já estava em casa, hoje mamãe em tempo integral, mas após passados quase 10 anos trabalhando fora, sinto falta de outro assunto que nào seja filhos, contato com outras pessoas e outras responsabilidades profissionais, tentei voltar a trabalhar quando a Bianca era pequena o que não deu muito certo.
ResponderExcluirHoje procuro algo home office, mas na area de administração é um pouco complicado (sou Administradora) já tive varias ideias de empreendimentos que sempre foram vetadas pelo marido. Ja nao sei mais o que faço pra me sentir util, não no papel de mãe mas como mulher e profissional
Bjus
Olá, descobri esse Blog lindo hoje e logo me depara com esse texto, essa realidade de mãe 24hs eu abracei e não me arrependo, mas como vc disse, faz falta abrir uma janelinha e respirar um outro ar que não seja casa e filho. Meu filho tem 1 ano e 2 meses, eu sou médica e meu marido tbm. Sempre estudei muito e trabalhei muito tbm, quando estava grávida dizia com facilidade que cuidaria dele até os 6 meses e voltaria a trabalhar, mas a data foi chegando e não tive vontade de voltar! Depois dizia que ficaria com ele até fazer 1 aninho, pronto, fez aniversário e continuo em casa. E pra falar bem a verdade e desabafar, hoje em dia não me vejo mais exercendo a medicina! Sei que isso pode parecer estranho e até absurdo pra quem lê, e pra família e amigos tbm, mas é isso que eu sinto! Acho que mudei muito e o prfil de médica não se encaixa mais comigo. Tenho a sorte de ter um marido que me apoia, ele está no começo de carreira e com certeza nossa vida seria muito melhor financeiramente se eu trabalhasse fora, mas não dinto vontade de voltar e estou feliz assim. Tem dias que me vejo cansada porque ficar em casa respirando o mesmo ar "casa e filho" é desgastante sim, mas não me vejo respirando outro ar no momento. Estou inclusive começando a estudar fotografia, a princípio como hobby, mas quem sabe quando meu filho estiver maiorzinho, indo pra escolinha meio período eu não começo a mudar de profissão?!
ResponderExcluirParabéns pelo texto e pelo Blog, virei visitar sempre!
oi querida acompanho o blog,mas nem sempre concigo tempo pra comentar para todas postagens..nossa querida como é dificil deichar nossos bbes né ,eu tenhu uma bb de 1 ano e 2 meses e~cuido em tempo integral,é muito gostoso,e as vezes esqueço até q eu existo...kkk,mas ela sempre em 1º lugar..bjos♥
ResponderExcluirObrigado por comentar, ficamos felizes!