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Maternismo, ou como quiser chamar
quarta-feira, setembro 21, 2011Chris FerreiraEscrito por Beatriz Zogaib, do blog Vida da Mami
Maternismo é uma palavra que não existe. Acabo de inventar. Porque acho perfeita para expressar o que vejo acontecer atualmente, assunto de algumas mães e revistas nos últimos meses. Um movimento meio invisível, mas forte como quem o promove quase sem intenção, as mulheres. O maternismo, uma continuação ou desdobramento do feminismo, assim como seu embrião, luta pelo direito da figura feminina, mas mais precisamente pelo da figura materna. E que direito é esse agora? O de escolher! Se queremos trabalhar fora o dia todo, ficar em casa curtindo a cria e cuidando da casa, ter um mom office, virar empresária, ou mudar a cabeça do chefe e conseguir flexibilidade nos horários. Só que tudo acontece discretamente, sem muito alarde, queima de objeto simbólico em lugar público ou união da "classe", de maneira que nem as envolvidas percebem.
Há tempos quero abordar o tema e depois de falar sobre a minha opção no texto anterior, achei que era a hora. Não é segredo para ninguém que sou um tanto quanto feminista (se isso significar defender mulheres com bom senso e não ser militante a favor de qualquer coisa que nos favoreça), mas apesar de ter certeza de que o feminismo foi positivo para a mulher atual, tenho a convicção de que naquela época deveríamos ter deixado bem claro que lutávamos pelos mesmos direitos que os homens incluindo o de ter autonomia para escolhermos a vida que mais nos agrada e o de merecermos respeito por ela. Acho que não fizemos muito bem isso, o que fez com que muitas de nós colocassem para si e para os outros que tinham de desempenhar todos os papéis desempenhados pela figura masculina, saindo cedo de casa e voltando tarde da noite depois de um dia exaustivo no emprego, mesmo não conseguindo se livrar de seu papel antigo e tendo muita coisa para fazer ao voltar para casa.
Nós passamos a ter duas opções, ser uma cuidadora da família e do lar não valorizada e até chamada de madame, ou profissional competente que se desdobra em mil para jogar na cara de qualquer um que é tão capaz quanto o colega do sexo masculino. A sociedade passou a cobrar mais a segunda opção de nós e nós dela, sem deixar brecha para um meio termo, como ser dona de casa e mãe realizada e admirada por isso ou tornar-se uma profissional com cargos e horários alternativos mas não menos merecedora de boas recompensas.
O resultado foi uma sobrecarga em cima de quem é multitarefa mesmo, mas que não é de ferro. Sexo forte, mas frágil o suficiente para não aguentar a estagnação do papel masculino, que só agora (desculpem mas é verdade) começa a mudar de fato. Enquanto a esposa chega da rua como um furacão, arrumando bagunça de criança, lavando louça, colocando roupa para lavar, resolvendo um problema ao telefone ao mesmo tempo em que liga o ferro de passar na tomada e permanece atenta ao barulho da panela de pressão, o maridão geralmente liga a televisão atento aos gols da última rodada. Salvo excessões, e conheço muitas, é ou não é o que ainda acontece com várias de nossas conhecidas?
Há reclamações recorrentes, mas graças a Deus e a deusas, por outro lado há a grande parcela dos maridões que já acordaram e mostram seu lado cooperativo com louvor, mesmo que alguns ainda o façam com espírito de favor. Dar banho no neném, trocar fralda ou cozinhar é um "plus" para eles, já para nós, experimente não fazer tudo isso e ainda deixar a carreira de lado para ver o que acontece! No mínimo, será reconhecida como a mulher de alguém e não uma mulher com qualidades e interesses além do profissional.
Voltando à carreira, no último post comentei sobre a tendência mundial chamada work at home moms. Trabalhar em casa, não na casa. E isso acontece, como o nome já diz, quando temos filhos. Se é mãe, mesmo não tendo largado a profissão, sabe que nossas prioridades mudam, o foco de tudo se transforma e é por esse motivo que muitas de nós se voltam para o lar. E é aí que se encontra o ponto em que nasce o maternismo, quando escolhemos por maternar, priorizar nosso lado materno.
Engana-se porém quem pensa que o maternismo só existe quando deixamos a carreira. Não! Uma grande parcela inventa uma nova ocupação, descobrindo um talento que traz realização, sustento e a possibilidade de estar perto dos filhotes, working at home. Muitas devem ter passado a licença-maternidade matutando sobre o que fariam quando os quatro ou seis meses acabassem, outras optaram por deixar tudo de lado logo e se surpreenderam encontrando um interesse transformado em trabalho. Aí entra um outro movimento comentado e vivido por mães blogueiras, o das mães empreendedoras ou mompreneurs. Quem disse que maternidade não é criativa? E olha que não tem nada de ócio...
Para quem não quer deixar de trabalhar, o leque de opções para continuar e manter o bem-estar ao lado de quem realmente importa é grande. Encontramos mães freelancers, pequenas empresárias que fazem do quintal sua empresa, donas de negócios virtuais, blogueiras profissionais e por que não contratadas? Sim, li em mais de uma reportagem que pequenas e grandes corporações começam a demonstrar preocupação com a fuga das mulheres do mercado convencional e já procuram segurá-las através de benefícios sedutores e muito bem vindos.
Deixados de lado motivos como salários ainda menores que os dos homens ou falta da tão desejada promoção, as profissionais femininas, motivadas pela própria qualidade de vida quando não tem filhos ou pela maior convivência familiar quando planejam ou já tem filhos, saem correndo de empresas quadradas e empregadores autoritários. Nem preciso reforçar que quando mães queremos mesmo esquecer que horas extras existem, escapar do trânsito ou cancelar congressos e reuniões de fins de semana... Não é por acaso que creches no próprio local de trabalho, flexibilidade na agenda, opção de trabalhar meio-período, trabalhar em casa um dia da semana ou em home office todos os dias, embora privilégios de poucas, sejam cada vez mais comuns indicando que podem vir a ser alternativas normais para todas.
Isso tudo é o maternismo! Um feminismo pós-moderno e materno, pré e pós-parto, pré e pós-maternidade, ou como preferirem chamar, mas certamente um chega para lá das mulheres, não necessariamente mães mas sempre motivadas pela possibilidade e planejamento de concretizarem uma maternidade tranquila. Mães e futuras mamães que andam se impondo diante dos olhos de todos para viverem a maior e melhor experiência de suas vidas como bem entenderem.
Para isso acontecer, nossos homens estão ajudando, seja os que já descobriram como deixar de ser das cavernas e nos apoiar de todas as formas ou os que ainda não econtraram o caminho do homem moderno e forçam as parceiras a brigar pelo que desejam. Hoje podemos dizer que estamos silenciosamente lutando e quase conseguindo conquistar o que queríamos lá atrás... Escolher o que é melhor para nós, dentro e fora de casa, como mulheres e mães, sem ninguém nos impor papel nenhum!
Há tempos quero abordar o tema e depois de falar sobre a minha opção no texto anterior, achei que era a hora. Não é segredo para ninguém que sou um tanto quanto feminista (se isso significar defender mulheres com bom senso e não ser militante a favor de qualquer coisa que nos favoreça), mas apesar de ter certeza de que o feminismo foi positivo para a mulher atual, tenho a convicção de que naquela época deveríamos ter deixado bem claro que lutávamos pelos mesmos direitos que os homens incluindo o de ter autonomia para escolhermos a vida que mais nos agrada e o de merecermos respeito por ela. Acho que não fizemos muito bem isso, o que fez com que muitas de nós colocassem para si e para os outros que tinham de desempenhar todos os papéis desempenhados pela figura masculina, saindo cedo de casa e voltando tarde da noite depois de um dia exaustivo no emprego, mesmo não conseguindo se livrar de seu papel antigo e tendo muita coisa para fazer ao voltar para casa.
Nós passamos a ter duas opções, ser uma cuidadora da família e do lar não valorizada e até chamada de madame, ou profissional competente que se desdobra em mil para jogar na cara de qualquer um que é tão capaz quanto o colega do sexo masculino. A sociedade passou a cobrar mais a segunda opção de nós e nós dela, sem deixar brecha para um meio termo, como ser dona de casa e mãe realizada e admirada por isso ou tornar-se uma profissional com cargos e horários alternativos mas não menos merecedora de boas recompensas.
O resultado foi uma sobrecarga em cima de quem é multitarefa mesmo, mas que não é de ferro. Sexo forte, mas frágil o suficiente para não aguentar a estagnação do papel masculino, que só agora (desculpem mas é verdade) começa a mudar de fato. Enquanto a esposa chega da rua como um furacão, arrumando bagunça de criança, lavando louça, colocando roupa para lavar, resolvendo um problema ao telefone ao mesmo tempo em que liga o ferro de passar na tomada e permanece atenta ao barulho da panela de pressão, o maridão geralmente liga a televisão atento aos gols da última rodada. Salvo excessões, e conheço muitas, é ou não é o que ainda acontece com várias de nossas conhecidas?
Há reclamações recorrentes, mas graças a Deus e a deusas, por outro lado há a grande parcela dos maridões que já acordaram e mostram seu lado cooperativo com louvor, mesmo que alguns ainda o façam com espírito de favor. Dar banho no neném, trocar fralda ou cozinhar é um "plus" para eles, já para nós, experimente não fazer tudo isso e ainda deixar a carreira de lado para ver o que acontece! No mínimo, será reconhecida como a mulher de alguém e não uma mulher com qualidades e interesses além do profissional.
Voltando à carreira, no último post comentei sobre a tendência mundial chamada work at home moms. Trabalhar em casa, não na casa. E isso acontece, como o nome já diz, quando temos filhos. Se é mãe, mesmo não tendo largado a profissão, sabe que nossas prioridades mudam, o foco de tudo se transforma e é por esse motivo que muitas de nós se voltam para o lar. E é aí que se encontra o ponto em que nasce o maternismo, quando escolhemos por maternar, priorizar nosso lado materno.
Engana-se porém quem pensa que o maternismo só existe quando deixamos a carreira. Não! Uma grande parcela inventa uma nova ocupação, descobrindo um talento que traz realização, sustento e a possibilidade de estar perto dos filhotes, working at home. Muitas devem ter passado a licença-maternidade matutando sobre o que fariam quando os quatro ou seis meses acabassem, outras optaram por deixar tudo de lado logo e se surpreenderam encontrando um interesse transformado em trabalho. Aí entra um outro movimento comentado e vivido por mães blogueiras, o das mães empreendedoras ou mompreneurs. Quem disse que maternidade não é criativa? E olha que não tem nada de ócio...
Para quem não quer deixar de trabalhar, o leque de opções para continuar e manter o bem-estar ao lado de quem realmente importa é grande. Encontramos mães freelancers, pequenas empresárias que fazem do quintal sua empresa, donas de negócios virtuais, blogueiras profissionais e por que não contratadas? Sim, li em mais de uma reportagem que pequenas e grandes corporações começam a demonstrar preocupação com a fuga das mulheres do mercado convencional e já procuram segurá-las através de benefícios sedutores e muito bem vindos.
Deixados de lado motivos como salários ainda menores que os dos homens ou falta da tão desejada promoção, as profissionais femininas, motivadas pela própria qualidade de vida quando não tem filhos ou pela maior convivência familiar quando planejam ou já tem filhos, saem correndo de empresas quadradas e empregadores autoritários. Nem preciso reforçar que quando mães queremos mesmo esquecer que horas extras existem, escapar do trânsito ou cancelar congressos e reuniões de fins de semana... Não é por acaso que creches no próprio local de trabalho, flexibilidade na agenda, opção de trabalhar meio-período, trabalhar em casa um dia da semana ou em home office todos os dias, embora privilégios de poucas, sejam cada vez mais comuns indicando que podem vir a ser alternativas normais para todas.
Isso tudo é o maternismo! Um feminismo pós-moderno e materno, pré e pós-parto, pré e pós-maternidade, ou como preferirem chamar, mas certamente um chega para lá das mulheres, não necessariamente mães mas sempre motivadas pela possibilidade e planejamento de concretizarem uma maternidade tranquila. Mães e futuras mamães que andam se impondo diante dos olhos de todos para viverem a maior e melhor experiência de suas vidas como bem entenderem.
Para isso acontecer, nossos homens estão ajudando, seja os que já descobriram como deixar de ser das cavernas e nos apoiar de todas as formas ou os que ainda não econtraram o caminho do homem moderno e forçam as parceiras a brigar pelo que desejam. Hoje podemos dizer que estamos silenciosamente lutando e quase conseguindo conquistar o que queríamos lá atrás... Escolher o que é melhor para nós, dentro e fora de casa, como mulheres e mães, sem ninguém nos impor papel nenhum!
* Beatriz Zogaib é jornalista, blogueira e mamãe do Léo de dois aninhos.
2 comentários
Oi Beatriz!
ResponderExcluirAcredito que precisamos buscar o equilíbrio em tudo. Muitas mulheres se sobrecarregam, outras vivem só na futilidade.
Conquistamos o nosso espaço, mas que não façamos disso um campo de batalha, pelo contrário, devemos buscar sempre o melhor pra família.
Beijos e obrigado pela sua colaboração aqui no Recanto.
otimo texto..adorei
ResponderExcluirObrigado por comentar, ficamos felizes!