Dani Garcia

A função dos abrigos

sexta-feira, dezembro 16, 2011O mundo da Dani

Coordenadoras de abrigos assumem funções maternas por profissão

Elas dão amor e proteção para jovens destituídos das famílias.
Atentas, acompanham dificuldades e conquistas vividas pelos 'quase' filhos.

Luciana Rossetto Do G1, em São Paulo
As coordenadoras de abrigos que mantêm crianças e jovens destituídos das famílias acabam assumindo funções associadas à maternidade por conta da profissão. Mesmo para as crianças que passam pouco tempo nesses locais, elas viram um referencial feminino ao dar afeto e cobrar responsabilidade nos estudos, nas questões de higiene pessoal e organização. Como na relação entre mães e filhos, acompanham atentas os problemas e as conquistas desses "quase" filhos.

A psicóloga Rita de Cássia Cavalcanti, responsável por um abrigo na Lapa, na Zona Oeste de São Paulo, encara a profissão como um projeto de vida. “É um trabalho que faço com muita paixão. As crianças estão fora da família, então a gente acaba sendo a mãe em alguns momentos. Nós nos envolvemos bastante, ainda mais pela situação das crianças, que chegam muito fragilizadas”, afirma.
A assistente social Cintia Daniels Tecedor, que gerencia outro abrigo em São Paulo, ressalta que a parte mais difícil é lidar com as emoções, trabalhar o apego e o desapego. Apesar das saudades, essas profissionais ficam felizes quando as crianças retornam para as famílias de origem ou são adotadas.
“Por mais que tenham essa referência, eu não sou a mãe verdadeira. Eles precisam entender que têm uma mãe e a família deles, ou que vão construir outra família. Tinha um adolescente que até falava ‘olha, você não é minha mãe, mas eu gostaria que você fosse, então, às vezes vou te chamar de mãe”, diz.
Rotina

Ao mesmo tempo em que dão carinho, elas impõem regras e limites. As crianças têm horário para acordar e dormir, necessitam ir para a escola, além de eventualmente precisar de médico e comparecer à Vara da Infância.
“O que a gente tem com filho, por exemplo, que não pode se machucar, que não quer ir para a escola, isso é vezes 20 aqui. As crianças têm todo esse lado emocional de estar fora da família, existe toda uma problemática que a escola às vezes não entende. É uma rotina complicada, porque você tem desde o bebezinho que precisa de cuidado o tempo todo até o menino de 17 que já acha que pode cuidar da vida dele e decidir se vai para a escola ou não.”
Apesar do horário de trabalho oficial, as coordenadoras acabam ficando disponíveis o tempo todo e são acionadas em qualquer emergência. Até mesmo quando não são solicitadas, elas acabam levando as preocupações do trabalho para casa. “Nós nos preocupamos muito com eles. Não é só a questão da responsabilidade, mas também tem o carinho”, diz Cintia.
Confiança
Nos abrigos, os jovens passam a confiar tanto nas coordenadoras que compartilham a vida pessoal e pedem conselhos. “A gente dá a mesma orientação que uma mãe daria para um filho. Não podemos só falar, temos de ouvir o que eles querem, respeitar o desejo deles. Assim, vamos criando esse vínculo de afeto, de proximidade.”
Quando chega, o que a criança precisa é de amor, carinho e proteção. Se sentir que está protegida, é um bom começo."
Cintia Daniels Tecedor, assistente social
Rita explica que procura conquistar a confiança das crianças para que o processo de adaptação seja mais fácil. “Quando chega, o que a criança precisa é de amor, carinho e proteção. Se sentir que está protegida, é um bom começo. Na medida em que vai passando o tempo, ela vai se aproximando mais de você, logo está te chamando de tia, quer ficar perto e ajudar o tempo todo. Isso é bastante emocionante”, afirma.
Para Cíntia, a satisfação de ver a evolução das crianças quando entram e saem dos abrigos é a recompensa de seu trabalho. “O maior retorno que a gente tem é no sorriso que a criança te dá e na transformação que acontece entre a chegada e a saída dela daqui. A maneira que ela passa a se comportar, a forma que vem e te abraça, como ela transmite a questão do amor. Isso que é o mais gratificante.”
Prontos para a independência

Miriam Egle Torturelli é gerente das unidades masculina e feminina da República Jovem de Santo Amaro, em São Paulo. Ela cuida dos jovens que não tiveram possibilidade de voltar para as famílias e passaram a maior parte da vida nos abrigos, de onde precisam se mudar depois que completam 18 anos.
São adultos que estão aprendendo a se virar sozinhos, mas que também enxergam nela o referencial feminino de uma nova fase da vida. Com muita conversa para lidar com as inseguranças desses jovens, ela orienta o grupo, pega no pé quando precisa e, claro, também dá carinho.
“Se recordar minha história de vida, acho que a adolescência foi a melhor fase. Procuro passar que é um momento de conquista de responsabilidade, de muitos afazeres, mas também é hora de diversão, de buscar cultura, de ir para a balada, tudo com muita responsabilidade. Não precisa ficar chorando porque ‘ah, não tenho família, sou um coitadinho’. Não, vamos sair dessa história. Vamos para a comunidade, viver o que a vida tem de bom, colher esses frutos”, diz.
Assim como as outras “mães de abrigo”, Miriam é apaixonada pelo trabalho e também tem orgulho dos filhos que se tornam independentes e seguem a vida. “Tem um adolescente que está se preparando agora para sair da república. Ele agora já completou 21 anos e vive um momento de superação muito grande. Está alugando uma casa, estamos fazendo um mutirão para poder ir lá pintar e mobiliar a casa para ele. Temos esses dois momentos, tanto a aflição de ver o passado que estava muito presente quanto essa coisa boa dele estar indo morar sozinho, fortalecido.”


http://g1.globo.com/dia-das-maes/2011/noticia/2011/05/coordenadoras-de-abrigos-assumem-funcoes-maternas-por-profissao.html


bjusss
Dani garcia
http://omundodadanigarcia.blogspot.com/

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3 comentários

  1. Conheci bem de perto um abrigo no Rio de Janeiro. As monitoras que trabalhavam lá cumpriam muito bema função de mãe e faziam toda a diferença na história de vida daquelas crianças. Trabalho árduo e pouco valorizado pelos homens mas que segundo elas era uma bênção.

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  2. Nunca fui a um abrigo, mas tenho uma vizinha assistente social que fala muito do seu local de trabalho.
    Admiro quem dedica seu dia e seu amor trabalhando em prol do bem do outro
    Excelente post
    Beijocas
    Cris Chabes

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  3. Oi Dani!
    Ótima matéria pra postar aqui.

    Conheci um abrigo anos atrás e fiquei encantada com o trabalho daquelas mulheres. As crianças eram super apegadas a elas. Pra mim aquela visita foi muito importante, pois vi como tem mulheres maravilhosas, dispostas a amar incondicionalmente daquelas crianças.
    Que Deus abençoe cada dia mais essas pessoas especiais.

    Beijinhos Dani e um ótimo final de semana!

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